Uma vez convidei um casal muito amigo pra jantar lá em casa. Já os conhecia de longa data e tinha um contato bem próximo com eles. Íamos a churrascos juntos, sempre estávamos almoçando na casa dos pais dela, ou dele. Resolvi fazer uma torta de palmito pra acompanhar uma macarronada. Eu tinha poucos meses de casada e ainda não era familiarizada com a cozinha. Mas como eles eram muuuuito amigos, não me preocupei com isso.
Depois de alguns petiscos e tiragostos, servi o jantar. Qual não foi minha surpresa quando ele me disse:
-Putz! Eu não gosto de palmito! Desculpe mas não vou comer a torta, tudo bem?
Eu fiquei super sem graça, mas achei que nossa amizade estava acima disso. Durante o jantar a conversa também versou sobre pratos e comidas de que gostávamos ou não.
A noite foi bastante agradável e todos adoraram meu pudim de leite, que servi de sobremesa.
Passados alguns meses convidei esse mesmo casal pra outro jantar, e como eu já estava QUASE dominando as panelas, resolvi fazer um estrogonofe de frango (há mais de trinta anos esse prato era chic) acompanhado de arroz e batata palha feitos por mim.
Depois de outros petiscos e outros tiragostos servi o jantar.
Adivinhem...
-Putz! Não acredito, eu não gosto de frango!
-Mas da outra vez, quando falamos do que gostávamos ou não, você não disse que não gostava de frango!
-Acho que esqueci de falar.
-Então coma o arroz e as batatas. Pronto.
Pra jantar...nunca mais.
21 de abril de 2011
21 de março de 2011
Um mes
Últimos dias de um mes inteiro em Sampa. O motivo que me fez vir pra cá não foi lá dos melhores: minha mãe começou a ter crises frequentes decorrentes da disfunção do nervo trigêmeo, que a acompanhava há quatro anos.
Essa disfunção provoca choques terríveis num dos lados da face (ou nos dois). Minha mãe tinha só de um lado, mas já não conseguia falar direito, ou mastigar, pois o movimento do maxilar desencadeava os choques. Lavar o rosto ou pentear os cabelos transformaram-se num sacrifício. Os remédios prescritos, além de fortíssimos, já não surtiam efeito.
Minha chegada promoveu um pouco de descanso para minhas duas irmãs que estavam exaustas com o sofrimento de nossa mãezinha.
No domingo de carnaval a crise foi tão forte que precisamos interná-la. Quatro dias depois ela se submeteu a um procedimento cirúrgico utilizando rádio-frequência.
Agora, renovada e sem dor nenhuma, já a temos novamente lépida e faceira, bem-humorada e ativa, apesar de seus 86 anos de idade.
Pra mim foi maravilhoso, pois apesar de toda a preocupação, passei um mes inteiro com minhas irmãs, coisa que não acontecia há muitos anos. Conversamos muito, rimos muito e nos divertimos pra caramba, já que todas temos o humor nas alturas.
Agora é voltar pra Bela Vista e recomeçar.
Essa disfunção provoca choques terríveis num dos lados da face (ou nos dois). Minha mãe tinha só de um lado, mas já não conseguia falar direito, ou mastigar, pois o movimento do maxilar desencadeava os choques. Lavar o rosto ou pentear os cabelos transformaram-se num sacrifício. Os remédios prescritos, além de fortíssimos, já não surtiam efeito.
Minha chegada promoveu um pouco de descanso para minhas duas irmãs que estavam exaustas com o sofrimento de nossa mãezinha.
No domingo de carnaval a crise foi tão forte que precisamos interná-la. Quatro dias depois ela se submeteu a um procedimento cirúrgico utilizando rádio-frequência.
Agora, renovada e sem dor nenhuma, já a temos novamente lépida e faceira, bem-humorada e ativa, apesar de seus 86 anos de idade.
Pra mim foi maravilhoso, pois apesar de toda a preocupação, passei um mes inteiro com minhas irmãs, coisa que não acontecia há muitos anos. Conversamos muito, rimos muito e nos divertimos pra caramba, já que todas temos o humor nas alturas.
Agora é voltar pra Bela Vista e recomeçar.
26 de janeiro de 2011
Os barulhos
Sinto falta dos barulhos que minhas filhas faziam.
A música que tocava alto no quarto da Mimi enquanto ela fazia os trabalhos da UNB, e depois, enquanto preparava as aulas ou corrigia provas. Como dava conta de se concentrar com aquele rock tocando?
Sinto falta também do seu silêncio matinal, já que ela jamais gostou de conversar logo cedinho antes de sair pra trabalhar.
Sinto falta da risada solitária da Vê enquanto assistia, à noite, as séries americanas pela tv. O som baixo do aparelho, mas de repente... uma risada deliciosa que me fazia sorrir ao ouvi-la.
Sinto falta também do silêncio do seu quarto, quando eu passava algum tempo ali, depois que ela criou asas e voou.
Sinto falta da tagarelice da Rai, que acordava falando e falava até dormindo. O exagero dos pormenores de todas as coisas que contava. O "fazer questão" de minha presença no café da manhã só pra me colocar a par de tudo o que havia acontecido na noite anterior.
Não sei o que é sentir falta do silêncio da Rai porque nunca houve silêncio com ela.
Sinto falta de ouvir o barulho do portão eletrônico nas madrugadas, e saber que uma já estava em casa. E depois a outra. E a outra.
Sinto falta de olhar pela fresta da porta do meu quarto e ver que a luz do corredor ainda estava acesa, indicando que ainda havia alguém fora de casa.
E sinto falta também de, depois de um cochilo, constatar que essa mesma luz já estava apagada. Minhas filhas seguras. Meu sono tranquilo até o amanhecer.
Sinto falta de não fazer as comidas preferidas, de não poder ligar com mais constância, de não partilhar mais do dia-a-dia delas.
Bela Vista-Brasília: 250 kms que são percorridos em 3 horas. Mas pro meu coração de mãe, é uma distância imensurável.
Saudades. Muitas.
A música que tocava alto no quarto da Mimi enquanto ela fazia os trabalhos da UNB, e depois, enquanto preparava as aulas ou corrigia provas. Como dava conta de se concentrar com aquele rock tocando?
Sinto falta também do seu silêncio matinal, já que ela jamais gostou de conversar logo cedinho antes de sair pra trabalhar.
Sinto falta da risada solitária da Vê enquanto assistia, à noite, as séries americanas pela tv. O som baixo do aparelho, mas de repente... uma risada deliciosa que me fazia sorrir ao ouvi-la.
Sinto falta também do silêncio do seu quarto, quando eu passava algum tempo ali, depois que ela criou asas e voou.
Sinto falta da tagarelice da Rai, que acordava falando e falava até dormindo. O exagero dos pormenores de todas as coisas que contava. O "fazer questão" de minha presença no café da manhã só pra me colocar a par de tudo o que havia acontecido na noite anterior.
Não sei o que é sentir falta do silêncio da Rai porque nunca houve silêncio com ela.
Sinto falta de ouvir o barulho do portão eletrônico nas madrugadas, e saber que uma já estava em casa. E depois a outra. E a outra.
Sinto falta de olhar pela fresta da porta do meu quarto e ver que a luz do corredor ainda estava acesa, indicando que ainda havia alguém fora de casa.
E sinto falta também de, depois de um cochilo, constatar que essa mesma luz já estava apagada. Minhas filhas seguras. Meu sono tranquilo até o amanhecer.
Sinto falta de não fazer as comidas preferidas, de não poder ligar com mais constância, de não partilhar mais do dia-a-dia delas.
Bela Vista-Brasília: 250 kms que são percorridos em 3 horas. Mas pro meu coração de mãe, é uma distância imensurável.
Saudades. Muitas.
25 de janeiro de 2011
Visitas
Meu cunhado preferido e minha irmã estiveram por estas bandas em novembro, pra passar meu niver comigo. Ele é uma pessoa que não consegue ficar parada e está sempre buscando coisas pra fazer.
Arrumou uma bicicleta antiga que nunca foi usada e nunca será, cortou a grama, foi (tentar) pescar num riozinho perto do sítio e fez este comedor pra passarinhos com peças que estavam escostadas na oficina. Pegou um prato de xaxim e colocou alpiste, painço, semente de gergelim. Sentou numa cadeira na varanda e esperou. Um dia. Não precisou mais do que esse tempo pros passarinhos começarem a nos visitar.
Com mais um tempo, e já sem a presença dos parentes queridos, o primeiro casal de maritacas fez-me sua primeira visita. E eu não poderia deixar de registrar. Aqui estão eles e mais alguns penosos.
No comecinho de todas as manhãs eles estão famintos, e enquanto comem, eu me delicio com sua presença.
Arrumou uma bicicleta antiga que nunca foi usada e nunca será, cortou a grama, foi (tentar) pescar num riozinho perto do sítio e fez este comedor pra passarinhos com peças que estavam escostadas na oficina. Pegou um prato de xaxim e colocou alpiste, painço, semente de gergelim. Sentou numa cadeira na varanda e esperou. Um dia. Não precisou mais do que esse tempo pros passarinhos começarem a nos visitar.
Com mais um tempo, e já sem a presença dos parentes queridos, o primeiro casal de maritacas fez-me sua primeira visita. E eu não poderia deixar de registrar. Aqui estão eles e mais alguns penosos.
No comecinho de todas as manhãs eles estão famintos, e enquanto comem, eu me delicio com sua presença.

24 de janeiro de 2011
Procura-se um emprego
Aos meus diletos 4 ou 5 leitores quero justificar minha ausência: mais uma vez fiquei sem internet por quase um mes. E não pude utilizar as lans da cidade. Como diz uma das minhas queridas leitoras isso é assunto pra outro post.
Inicio 2011 sem meu maracujazeiro. A seca que assolou o centro-oeste por quase seis meses praticamente dizimou minha plantação. Nem a irrigação diária deu conta de manter a saúde dos maracujás. Uma doença que ataca as raízes e mata de cima pra baixo acabou com eles. Incompetência? Desleixo? Só se foi de S.Pedro, que simplesmente se esqueceu de que por aqui há muitas "plantações de bois", e milho e soja. E maracujás. Consciência tranquila de que fiz o que me foi possível.
Agora, procuro um emprego na cidade. Deixei currículos com pessoas que vão do presidente da Câmara dos Vereadores e secretários do município, a donos de supermercados. Secretária na Câmara, recepcionista de hospital ou caixa de supermercado... tudo tá valendo. Quero ser assalariada. Negócio próprio NEVER MORE.
Contra mim pesam não ter curso superior completo e ter 55 anos. A meu favor tenho a disponibilidade de tempo (serve até jornada noturna), e a imagem de pessoa correta, justa e sempre pronta a ajudar. Não sei se essa imagem vai me facilitar alguma coisa, mas sinto uma grande disposição de todas as pessoas desta pequena cidade pra conseguirem algo pra mim. Infelizmente por aqui o ano também "começa" depois do carnaval; então, todas as possibilidades que aparecem estão sendo postergadas.
Já sei que quando eu encontrar um emprego, qualquer emprego, o salário mínimo será minha renda. Que importa? De alguma forma eu tenho que recomeçar. Não preciso mais provar nada pra ninguém (viva a auto-estima!!!), mas quero, se possível, recuperar o respeito de algumas pessoas que são muito importantes pra mim.
Meus caros leitores... mante-los-ei informados.
Beijo e ótimo ano pra todos.
Inicio 2011 sem meu maracujazeiro. A seca que assolou o centro-oeste por quase seis meses praticamente dizimou minha plantação. Nem a irrigação diária deu conta de manter a saúde dos maracujás. Uma doença que ataca as raízes e mata de cima pra baixo acabou com eles. Incompetência? Desleixo? Só se foi de S.Pedro, que simplesmente se esqueceu de que por aqui há muitas "plantações de bois", e milho e soja. E maracujás. Consciência tranquila de que fiz o que me foi possível.
Agora, procuro um emprego na cidade. Deixei currículos com pessoas que vão do presidente da Câmara dos Vereadores e secretários do município, a donos de supermercados. Secretária na Câmara, recepcionista de hospital ou caixa de supermercado... tudo tá valendo. Quero ser assalariada. Negócio próprio NEVER MORE.
Contra mim pesam não ter curso superior completo e ter 55 anos. A meu favor tenho a disponibilidade de tempo (serve até jornada noturna), e a imagem de pessoa correta, justa e sempre pronta a ajudar. Não sei se essa imagem vai me facilitar alguma coisa, mas sinto uma grande disposição de todas as pessoas desta pequena cidade pra conseguirem algo pra mim. Infelizmente por aqui o ano também "começa" depois do carnaval; então, todas as possibilidades que aparecem estão sendo postergadas.
Já sei que quando eu encontrar um emprego, qualquer emprego, o salário mínimo será minha renda. Que importa? De alguma forma eu tenho que recomeçar. Não preciso mais provar nada pra ninguém (viva a auto-estima!!!), mas quero, se possível, recuperar o respeito de algumas pessoas que são muito importantes pra mim.
Meus caros leitores... mante-los-ei informados.
Beijo e ótimo ano pra todos.
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