2 de outubro de 2011

Boas vindas



Por fim ela chegou. Tão repentinamente, que sequer permitiu às cigarras avisarem a sua chegada.
E chegou com força, furiosa, cansada da jornada, trazendo consigo raios, trovões e muito vento. Ventos que arrancam árvores e destroem telhados. E levou de nós a energia elétrica por mais de quatro horas. Mas o que são quatro horas?
Por sete longos meses ela esteve ausente. Deixou conosco a dificuldade de respirar um ar tão seco. Mas agora volta, como o maná da terra, alimento das plantações. Volta pra matar a sede do gado e verdejar os pastos. Nos traz de volta o cheiro da terra molhada e o milagre da recuperação dessa terra, tão seca, tão dura, tão triste de se ver.
A velocidade e a força com que chegou, me fazem imaginar o que ela diria se pudesse falar:
- Vocês não me queriam? Não me desejaram tanto? Pois aqui estou, e aqui ficarei um bom tempo -cinco meses talvez- caindo todos os dias. E chegará o momento em que vocês desejarão minha partida, ingratos que são.
Somos, realmente, eternos insatisfeitos. Mas se me permite dizer-lhe algumas palavras... Sê bem vinda!

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