11 de fevereiro de 2012

Os Barulhos


Sinto falta dos barulhos que minhas filhas faziam.
A música que tocava alto no quarto da Mimi enquanto ela fazia os trabalhos da UNB, e depois, enquanto preparava as aulas ou corrigia provas. Como dava conta de se concentrar com aquele rock tocando?
Sinto falta também do seu silêncio matinal, já que ela jamais gostou de conversar logo cedinho antes de sair pra trabalhar.
Sinto falta da risada solitária da Vê enquanto assistia, à noite, as séries americanas pela tv. O som baixo do aparelho, mas de repente... uma risada deliciosa que me fazia sorrir ao ouvi-la.
Sinto falta também do silêncio do seu quarto, quando eu passava algum tempo ali, depois que ela criou asas e voou.
Sinto falta da tagarelice da Rai, que acordava falando e falava até dormindo. O exagero dos pormenores de todas as coisas que contava. O "fazer questão" de minha presença no café da manhã só pra me colocar a par de tudo o que havia acontecido na noite anterior.
Não sei o que é sentir falta do silêncio da Rai porque nunca houve silêncio com ela.
Sinto falta de ouvir o barulho do portão eletrônico nas madrugadas, e saber que uma já estava em casa. E depois a outra. E a outra.
Sinto falta de olhar pela fresta da porta do meu quarto e ver que a luz do corredor ainda estava acesa, indicando que ainda havia alguém fora de casa.
E sinto falta também de, depois de um cochilo, constatar que essa mesma luz já estava apagada. Minhas filhas seguras. Meu sono tranquilo até o amanhecer.
Sinto falta de não fazer as comidas preferidas, de não poder ligar com mais constância, de não partilhar mais do dia-a-dia delas.
Saudades. Muitas.

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